segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Sou Eu

Que procura a paz dentro de si e não consegue entender as incoerências desta vida com seus movimentos estranhos e descabidos para o meu estreito olhar.

Que sente e rejeita as emoções doridas do passado que não se esclarece e do presente que não transparece.

Que vibra com as pequenas alegrias e esmorece com as tristezas das desilusões que me acompanha no dia-a-dia.

Que acredita na esperança de viver com profunda simplicidade a minha história esculpida nas paredes das minhas células nervosas.

Que ama sem motivos e confia no poder incomensurável do amor que se revela nos pequenos detalhes e se agiganta na expressão de tudo que é vivo.

Que experimenta a morte no laboratório sequente das relações que se findam sem deixar explicações e nas perdas que se fazem necessárias neste mundo que não se eterniza.

Que se doa e se retrai assim como as flores que desabrocham e murcham, todavia, nunca deixam de renascer.

Que sofre com a ingratidão e a injustiça, porém continua persistindo na união com as pessoas que me circundam e no investimento da minha humana espiritualidade.

Que adora servir e trabalhar pelo desenvolvimento do ser humano sabendo que o meu próprio crescimento está embutido nesse procedimento.

Que resguarda a inocência da criança sem com isso deixar de treinar o discernimento para viver neste mundo e não profanar o meu lúdico jeito de ser.

Que procura renascer das cinzas deixadas pelas labaredas das derrotas que me consomem mas não conseguem me destruir.

Que se alimenta do nada para saciar a fome de viver mesmo quando tudo evidencia o contrário e me empurra para o abismo do desespero.

Que reconsidera constantemente percepções, idéias, opiniões e atitudes para não criar uma muralha de radicalismos nem tampouco congelar pensamentos e assim flexibilizar o desempenho vivencial.

Que tem medo de ter medo de não conseguir as realizações tão sonhadas e acalentadas pelo meu coração tão valente e determinado.

Que não sei quem sou e busca desbravar esta floresta misteriosa que se traduz como “eu”, e luta sem desistir para compreender o meu tão maravilhoso existir.

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