sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A ILUSÃO DE QUE DOIS PODE SER UM.


É muita pretensão do ser humano querer que o dois, se transforme em um. A alquimia não se aplica às pessoas até porque somos almas individualizadas, sentimos e pensamos a nossa maneira, e sempre únicos na expressão do que se passa dentro de nós, do aprendizado muito próprio do “ser” que se resguarda na sua essência. 


Na ilusão de que o outro que amamos seja nossa semelhança, no sentido de atender os nossos anseios, tentamos acreditar que existe alguém que nos completa e que só podemos alcançar a realização a partir deste encontro. Por conta desta crença o sofrimento tem sido intenso nas relações em todos os aspectos, pois o depender de outro (s) para ser feliz cria expectativas angustiantes. Já pensou na carga de responsabilidade depositada nos ombros de quem se torna a idealização de alguém?

Não estamos aqui para sermos reféns e ou satisfazer o egocentrismo alheio e sim para cuidar do nosso desenvolvimento, a partir daí quem sabe influenciar positivamente os companheiros de jornada. As pessoas mudam e se transformam tendo em vista suas próprias necessidades. 


Muitas vezes a relação se torna um tormento quando deixamos de viver o que somos para viver a vida do outro, porque quando gostamos de outra pessoa mais do que de nós mesmos estamos fadados ao fracasso, a autodepreciação e a sermos rejeitados, já que fragmentamos a nossa identidade. Não se trata apenas de defender a si mesmo, mas de se manter livre e mesmo assim continuar amando, fazer concessões sem violar o espaço íntimo preservando a vontade e o prazer de ser o que é.  
         
Mesmo diante da necessidade de convivência continuamos a ser uma pessoa personalizada com traços peculiares a nossa condição de individuo. No entanto podemos estar juntos e permanecer com a individualidade intacta para sermos capazes de aceitar o diferencial de cada um aprendendo com o que nos falta, bem como alinhar afinidades para fortalecer a união. 


Amar não significa anulação, muito pelo contrário, abastece a fonte interior que alimenta a fome de amor por si mesmo, que se estende para quem está ao seu lado. Afinal de contas a boa companhia é aquela que levanta a autoestima e faz com que amemos cada vez mais a nossa própria pessoa.

                            Aniete Goes

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